Só o cume interessa: Travessia Condoriri ao Huayna Potosi (Parte 2)

"Por quanto tempo a mente motivada consegue manter o corpo submetido a dor física."

Dia 16 - 15:11: Laguna Chiar Qota a Laguna Maria Lloko

Acordamos e, ao olhar para a janela, estava tudo branco. Havia nevado bastante e o tempo encontrava-se bem fechado. Tomamos café, separamos as coisas que iriam para as mulas, demos um até logo para as espanholas e partimos para a caminhada. Neste dia, deveríamos vencer o Paso Zongo, a 4900msnm. 
Laguna Chiar Qota toda nevada
Para mim, estava um pouco difícil acompanhar o guia e o Rafael. Estava andando bem devagar, e com o frio, meu nariz sempre enchia de água. Em um momento, Rafael e o guia apostaram corrida! Eu só observei e aproveitei o tempo para descansar rssss.
Caminhando entre montanhas

O Paso Zongo (a subida no fundo da foto)
Lanchamos em um vale, acompanhados de alguns burros e llamas. Não deu muito tempo, e já voltou a nevar, e continuamos a trilha. Agora, voltaríamos a subir pelas encostas das montanhas. Passamos pelas lagunas Tuni e La Esperanza, onde almoçamos num mirador com vista para elas. Tivemos um breve momento de sol, que foi logo substituído pelo frio e neve.
As llamas

Laguna Tuni
Depois o caminho se tornou plano, até chegarmos na laguna Maria Lloko, a 4700msnm, onde percorremos um total de 15km de trilha, em 6,5 horas de caminhada. Ficava de frente para a montanha de mesmo nome, juntamente com o Huayna Potosi e o Negrito.
A 'iluminada'!

Almoço com vista privilegiada
Fomos apresentados ao nosso quarto, com isolante de feno. O banheiro era bem rudimentar aqui: um buraco no chão, com meio muro de pedras. A temperatura baixou rapidamente. O nosso guia preparou um chazinho e já foi organizando o jantar. Preferimos ficar ali na cozinha mesmo, onde estava quentinho pelo fogão.
As llamas tomando conta da trilha

O abrigo de montanha da Laguna Maria Lloko
Chegou um casal que estava acampado na laguna Chiar Qota. O guia deles falou que eles não estavam muito bem e que haviam desistido de continuar a travessia. No dia seguinte iriam descer para a estrada de burro. Os guias ficaram conversando em aymaro entre si, e eu e Rafael tentando entender. Depois da janta, parti para dentro do meu saco de dormir, pois seria uma noite bem fria.

Dia 17 - 16/11: Laguna Maria Lloko ao acampamento base do Huayna Potosi

Acordamos e o dia estava bem melhor. O céu azul e o sol sorrindo para nós. A partir dali, não teríamos mais o burro para nos ajudar, e carregaríamos todo o peso. A primeira parte foi o de maior esforço, onde teríamos que vencer um desnível de quase 200m.

Início da trilha, de lado com o Huayna Potosi
Eu, o guia de trilhae o Rafael
Posteriormente, a trilha seguiu praticamente plana, beirando o vale e o Huayna Potosi sempre a mostra. Paramos para almoçar às 10:00, numa espécie de área alagada, de cara para a montanha. O guia quis empurrar todo o resto da comida pra gente, e isso não me fez bem para continuar a caminhada. Para piorar, o cara acelerou o passo, o que ainda me deixou mais irritada.
O almoço de cara para o H. Potosi
Chegamos em torno das 13:00 no acampamento base do Huayna Potosi. Aqui nos despedimos do guia de trilha e fomos apresentados ao guia de escalada. Ele também trouxe as botas duplas, piolets e crampons, além da minha roupa para alta montanha, que havíamos selecionados na agência antes de partir para a cordilheira.
Chegando no acampamento base
Nos vestimos e seguimos em direção ao Glaciar Viejo, que fica há uns 20 minutos de caminhada do abrigo. Ali, tivemos a nossa primeira experiência de caminhar no gelo e um pouquinho de escalada. Confesso que a escalada não foi a minha praia! Eu não conseguia sincronizar a machadada com o piolet e a subida nos crampons, e sempre acabava escorregando... :/
No glaciar viejo

Eu, Rafael e o guia de escalada
Na volta, já havia o chá com biscoito nos esperando. O meu estômago tinha piorado, estando sempre com um peso. Durante a janta, cabamos conhecendo dois australianos que iriam subir para o acampamento avançado no dia seguinte, junto com a gente. Iríamos tentar o cume no mesmo dia. Depois deitei e tentei dormir, mas dessa vez foi bem complicado pelo peso do estômago.

(Continua...)

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