O paraíso branco!

Dia 03 – 02/11/15: Iniciação ao deserto de sal

O engraçado dos ônibus bolivianos é a ausência de banheiros! Com exceção de um trecho, nenhum deles possuía esse ‘luxo’. Então, ou você se segura, ou pede ao motorista para parar no meio da estrada e faz ali mesmo, no meio do nada com todo mundo olhando. No caminho para Uyuni, me restou a segunda opção...foi um pouco libertador, diga-se de passagem...kkkk.
Em algum lugar do salar de Uyuni

Às 3:30 chegamos em Uyuni, um frio absurdo. Como já estava preparada, coloquei o fleece, cachecol, toca, luvas e o anoraque. Já o Timbó e Erika não, e precisaram abrir as malas e colocar todas as roupas que tinham...DICA: Invista em roupas técnicas para ir ao salar e atacama: casaco corta-vento e impermeável, mais um fleece 200 vão te deixar quente sem fazer volume. Bom, estávamos ali na madrugada, no meio de uma cidade microlética, com tudo fechado e sem ideia de pra onde ir. O que fizemos? Andamos em uma direção que parecia mais civilizado. Cinco minutos depois, fomos abordados por uma senhorinha que perguntou se estávamos interessados no tour para o salar, e nos convidou para entrar na loja. Aceitamos! Falamos que queríamos o tour de 4 dias, que incluísse a subida ao vulcão Tunupa (como parte da nossa aclimatação para o Huayna Potosi). Demos uma pechinchada básica, e o preço sairia por 1000 bolivianos, incluindo o transfer para o Atacama. Ficamos de pensar na proposta, afinal era a primeira agência, mas a senhora, muito solícita, resolveu acordar a amiga dela dona de uma cafeteria para nos acomodar.

Percurso do tour pelo salar e deserto de Dali
No caminho para a tal cafeteria, fomos recolhendo outros turistas perdidos e desabrigados como nós. Depois de aquecidos dentro da cafeteria, foi oferecido banho quente, a um pequeno valor, e o cardápio para o café da manhã. Eu passei o banho e dividi a opção de café mais cara com o Rafael. Não sabia como iriam ser as refeições nos próximos quatro dias, e preferimos garantir uma boa última refeição...rsrs. Juntei umas cadeiras e tentei tirar um cochilo, mas o sono não veio e fiquei vendo o tempo passar.

Cemitério de trens
Balanço no cemitério de trens
Lá para umas 7:00 saímos atrás de outras agências e verificar o preço. No fim, era tudo a mesma coisa. Escolhemos a que nos agradou mais e ficamos com a Cristal Tours, a primeira da senhorinha. Compramos um galão de 5l de água para cada um e deixamos as nossas mochilas na agência. Em teoria sairíamos às 10:30. Aproveitei e comi uma salteña, barateña e gostoseña...rsrs. Como de praxe, só conseguimos sair às 11 e pouca. Nossos companheiros foi um casal de americanos.

feirinha com artesanato de sal
A primeira parada foi no cemitério de trens, seguida pelo museu de sal e uma feirinha que vendem lembranças de sal. Lembre-se que essas lembrancinhas são frágeis, já que o sal derrete com o calor e tempo. Depois paramos em um hotel de sal desativado, onde tem o monumento do Dakar e das bandeiras. Aqui almoçamos, e foi bem gostoso, com bife, arroz e salada, com direito a coca e ketchup e maionese. Usaríamos esses dois últimos bastante, para dar gosto a comida, o que até foi motivo de piada dos americanos.


coleta de sal
Monumento do Dakar próximo ao hotel de sal desativado

Monumento às bandeiras

Almoço no hotel de sal

Depois do almoço, o momento mais esperado: o salar propriamente dito. Paramos num lugar em frente ao vulcão Tunupa, para tirar aquelas fotos em perspectiva. Algumas saíram legais, outras nem tanto. Depois que cansamos, seguimos para o nosso hotel de sal em Coquesa. Essa cidade só é visitada nos tours de 2 e 4 dias, e fica bem na borda do salar e aos pés do Tunupa. Podemos ver o pôr-do-sol tranquilamente no salar, apesar do frio. Vimos também, um rebanho de llamas passeando, além da ovelhinha de estimação do nosso hotel. Para quem quisesse, tinha banho quente disponível para quem pagasse, o que eu ignorei...rsrs. A janta foi pique macho, um assado de carne frita com pimentões, cebola e batata, muito gostoso! Dormimos cedo porque não tinha mais o que fazer...rsrs.
Foto em perspectiva razoável

Foto em perspectiva fail

Foto em perspectiva boa!


A invasão das llamas

Vulcão Tunupa no pôr-do-sol e o vilarejo de Coquesa

Dia 4 – 03/11: O vulcão Tunupa

Nosso guia tinha retornado à cidade no fim do dia anterior e prometeu nos pegar às 8:00, o que aconteceu com um atraso de uma hora. Começamos esse dia com a visita às múmias de Coquesa, uma família que escolheu se fechar numa caverna e morrer ali. Ninguém sabe o porquê, só encontraram eles ali juntos... Depois, fomos ‘liberados’ para fazer a trilha até a cratera do vulcão, só deveríamos estar de volta até às 12:00.
As múmias de Coquesa

A trilha é bem demarcada. O problema é a altitude...E ela nos pegou com gosto. A subida era bem cansativa, com o ar sempre faltando. Mas a vista é incrível, com o vulcão cada vez mais perto e o mar de sal super branco atrás da gente. Por fim, conseguimos subir um pouco do vulcão, mas não chegamos à sua cratera conforme o planejado, pois a gente precisava andar bem devagar e o tempo não era o suficiente (se o guia não tivesse atrasado, talvez conseguiríamos chegar...). Descemos já esgotados, as minhas pernas não estavam muito afim de me obedecer. E eu só pensava que ainda teria que descer a estrada de volta ao hotel, o que me desanimava mais ainda. Contudo, quando estávamos quase no estacionamento para as múmias, vimos o nosso guia com o carro! Imagina a felicidade! Rssss
Um dos mirantes da trilha para o Tunupa, com o mar de sal abaixo
Pertinho do vulcão Tunupa
De volta ao hotel, almoçamos e já partimos, pois estávamos atrasados. Na saída do vilarejo, atravessamos ‘um rio’ de água, que acontece naturalmente naquele horário. Foi bem legal. A próxima parada foi a Isla del pescado, onde estão os cactos gigantes. Como já tinha visto o salar de cima, não quis pagar para subir na ilha. Fiquei na borda tirando foto com os cactos. Na hora de ir embora, trocamos de carro e guia, que era irmão do nosso, e nos despedimos do casal de americanos. Agora se juntava a gente o casal de peruanos. Houve um estresse entre eles e o guia sobre onde ficar naquela noite, que haviam prometido uma coisa e o guia queria fazer outra. Acabamos ficando no lugar que os peruanos queriam, um outro hotel de sal que não tinha água quente por falta de gás. Dessa vez, resolvi tomar banho gelado mesmo e foi ótimo para o corpo dolorido da trilha. Tomamos um chá com biscoitos e depois esperamos a janta, que foi um frango frito, com arroz, salada e batata. Depois, partiu cama, que aparentemente nunca tinha visto uma troca dos lençóis e decidi dessa vez usar o meu saco de dormir...
Ovelhinha de estimação do hotel de Coquesa


Isla del pescado

Dia 5 – 04/11: Diversas cores na laguna

Saímos cedo mais uma vez. Passamos numa lojinha no centro da vila para os peruanos comprarem água. Pé na estrada. Esse dia estava especialmente frio, porque, além dos 4200m de altitude, não parava de ventar. Paramos rapidamente para tirar foto ao atravessar o trilho de trem, que leva para o Chile.
à espera do trem

A primeira parada oficial foi no mirador para o vulcão Ollague. Ele ainda está ativo, sendo possível ver a fumaça saindo dele. Depois, seguimos para as Lagunas Hedionda, Chiarkota e Honda, almoçando nesta última. Foi incrível ver os diversos flamingos se divertindo nas lagunas, sem se incomodar com as pessoas ali visitando. 
Vulcão Ollague e sua chaminé ativa

Almocei de frente para a coroa del diablo, uma formação rochosa. Tivemos macarrão, um frango (ou porco, não soube definir) empanado, salada e coca cola para acompanhar. Continuamos pelo deserto, chegando no arbol de Piedra. Não é permitido subir nele, mas nas pedras em volta sim! Rafael e eu aproveitamos para fazer um boulderzinho...rsrs. Timbó e Erika ficaram no carro, pois estava ventando muito e eles não estavam se adequando bem à altitude.
Laguna Honda


Almoço de frente para a Coroa del Diablo

A última parada foi na Laguna Colorada. Na entrada, pagamos a taxa da Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa, de 150 bolivianos. Nosso 'hotel' era de frente para a laguna. Conhecemos o nosso quarto, que era coletivo dessa vez. Não havia banho aqui. Deixei a minha bateria da câmera carregando na lojinha do lado. Foi liberado um chá da tarde com biscoitos. Logo depois, Rafael e eu fomos explorar a laguna. A ideia era ficar até o pôr-do-sol, mas tava frio demais e preferi ficar abrigada.
Arbol de piedra

Boulder na área do arbol de piedra
A janta foi uma macarronada bem gostosa, acompanhada de vinho. Os peruanos também colocaram na mesa mais duas garrafas de vinho. Uma pena que meu estômago não estava tão bem, já que na altitude a digestão demora mais pra finalizar, mas tentei comer e beber o máximo que deu! hehehe.

Laguna colorada e os flamingos
Rafael e o peruano continuaram na mesa, jogando um jogo de cartas que o peruano ensinou. Eu aproveitei e fui lá fora para observar as estrelas. Céu lindo demais. O problema é a friaca, o que não deixou eu continuar admirando. Voltei para o quarto e tirei a minha soneca.
Janta com a galera

Dia 6 - 5/11: O encontro com Licancabur

Dessa vez, acordamos as quatro da matina, para vermos os geiseres sol de la manana. O café da manhã foi mais chique, com direito até a panquecas. Pena que ainda estava com dor de estômago :(

O frio estava intenso, com direito a pedras de gelo no vidro do carro. Chegamos aos geiseres, e já fomos recebidos com o cheiro de enxofre (ou ovo podre...). É engraçado ficar vendo aquelas fumaças saindo da terra. Até tentei tirar uma foto a la Gandalf...hahahaha
A gandalf no meio dos geiseres
Seguimos para os banhos termais de Polques. A maioria fica vendo de fora, com preguiça (ou medo do frio) de tirar a roupa e entrar nas piscinas. Eu nem pensei e fui para o vestiário trocar de roupa e partir rapidamente para a piscina. O problema foi o escorregão que levei quando tava entrando na água quentinha....Timbó foi o único que me acompanhou. O problema foi depois sair daquela água tão gostosa para a friaca dali de fora, mas fui corajosa e consegui! :p
Uma dificuldade extrema de sair da água quentinha

Voltamos para o carro e seguimos para a fronteira da Bolívia com o Chile. Antes, atravessamos o deserto de Dali, onde o pintor tirou a sua inspiração para os seus quadros. A última parada foi na laguna verde, onde temos a linda e incrível vista para o vulcão Licancabur. Eu estava esperando muito por esse momento, até porque eu queria fazer a trilha dele, mas que acabou ficando para uma próxima oportunidade...
Deserto de Dali
Chegamos na fronteira em torno das 9:00. O guia nos desovou e falou para esperarmos a van ali mesmo. Fizemos o procedimento de saída na polícia da fronteira, tendo que pagar a propina do carimbo. Conseguimos todos embarcar as 10 em direção ao Chile, numa van lotada de oriental, que não sabia respeitar o assento dos outros, mas isso continuo no próximo post, quando relato as minhas impressões do Atacama...
Laguna verde e o vulcão Licancabur

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