Só o cume interessa: Cânion del Colca

Apesar do título, essa trilha é inversa às tradicionais: primeiramente descemos e terminamos o caminho subindo. Afinal estamos caminhando pelo cânion mais profundo do mundo! 
Placa na Cruz del Condor, indicando o cânion

O caminho de Arequipa a Chivay durou mais ou menos três horas. Tirei esse tempo para dar umas cochiladas... Lá tomamos o nosso desayuno e pudemos curtir o centrinho da cidade, onde havia umas meninas dançando. Continuamos o tour até a Cruz del Condor, onde supostamente deveríamos ver os grandes urubus condores. Eu não vi nenhum...
No centro de Chivay


Chicas alegres


A nossa última parada foi em Cabanaconde, a 3300msnm, local de partida da nossa trilha.  O nosso guia se apresentou: Juanito! Um peruano de Puno, baixo, que se dizia com 'la sangre inca'. Com o seu bordão clássico 'Vamos, chico', incentivava a galera. Vale notar que em toda a trilha, ele caminhava apenas com uma garrafa de água em uma mão, e uma de coca quente na outra. Acho que era por isso que o cara andava pacas....
Cruz del condor
No mirador da Cruz del Condor

 Desceríamos 10 km até o povoado de San Juan de Chuccho, a 2200msnm. Todo mundo fala que para descer todo santo ajuda, mas não é bem assim não! Eu só ficava cantarolando "E se meus joelhos não doessem mais...". Muita dor no joelho devido à descida contante. Na parado do almoço, passei um anti-inflamatório no joelho para poder continuar o caminho. A comida tava bem gostosa: bife de alpaca com arroz, batata frita e uns pimentões perdidos rsss. Se você quisesse, ainda era vendida cerveja 'gelada' na água do rio (como regra geral, a cerveja no Peru é quente).
No início é tudo maravilhoso
Devidamente alimentados, continuamos o caminho. Dessa vez, foi um sobe e desce, com ponto culminante em Malata, a 2600msnm. O nosso destino era o Oásis, que chegaríamos no fim do dia para um merecido mergulho na piscina. Para mim, o tempo foi suficiente apenas para um mergulho. Parti logo para o banho, pois o Sol já estava se pondo, e não havia energia elétrica naquele lugar, muito menos banho quente! 
No meio do caminho


Enquanto esperávamos pela janta, aproveitamos para socializar. Conheci a Aneta, tcheca que morava em Londres, e Anya, sua amiga alemã. Também havia um casal espanhol e outro inglês. Também conhecemos o Fernando, de Cuiabá, que juntamente com Rafael, André e eu, éramos os únicos brasileiros. Aneta e eu conversamos muito sobre tudo, acompanhadas de algumas rodadas de pisco sour. Quando os meninos chegaram, era a hora da janta e partimos para a cerveja. A janta estava bem gostosa, uma sopa de entrada seguida de um pratão gigante de espaguete ao sugo. Pouco tempo depois, parti para cama, pois não conseguia mais me manter acordada.
Chegando ao Oásis
Acordamos bem cedo, para começar o nosso retorno para 'a superfície' às 4 da manhã. Aqueles que não se sentiam confiantes para a caminhada, puderam alugar uns burrinhos e sairiam mais tarde; esse não foi o meu caso. Saímos do oásis, a 2100msnm, por uma trilha de 5 km até o topo, a 3300msnm, ou seja um desnível de 1200m na altitude! Não era motivador...No início, todo mundo junto. Meia hora depois, o inglês já tava lá na frente, terminando o percurso em um pouco mais de uma hora. Aneta e Anya mantiveram um bom ritmo. Rafael e André me largaram para trás, tentando alcançar o inglês. Enquanto isso, eu fiquei no final, sofrendo com a altitude. O caminho é apenas subida, e o ar faltava demais. O Fernando se compadeceu e me acompanhou. Foi essencial para eu conseguir terminar a trilha. Minha água acabou durante, e o Juanito me cedeu um pouco da dele (guardem essa info!). Pensei em desistir algumas vezes, principalmente quando as pessoas nos burrinhos passaram por mim, mas persisti. Após exatas três horas, cheguei ao final, com todo mundo torcendo.
Nosso guia, Juanito, carregando a minha mochila no final da trilha
A galera reunida após a missão cumprida
Tomamos café da manhã em Cabanaconde e voltamos para Chivay. Tinha uma feirinha muito legal, com comidas e um suco estranho (agora não lembro se era de cacto, mas era algo excêntrico). Os senhorzinhos também deixavam a disposição llamas e falcões para a galera tirar foto em troca de uma propina. Aproveitei e tirei foto com uma águia <3. Dali, partimos para as águas termais, relaxar um pouco. Eu não estava muito interessada, então aproveitei para apenas explorar o lugar.
A tiazinha aguardando os turistas pra tirar foto

Fazendo uma graça com a águia
O almoço foi no mesmo lugar do café da manhã do dia anterior. Comi um rococo relleno (pimentão recheado) super apimentando. No caminho de volta a Arequipa, paramos num mirador a 4800msnm. Nesse lugar estava nevando! Tinham várias llamas e alpacas ali, tirando sua siesta e curtindo a vida, não dando muita bola pra gente. Chegamos em Arequipa no fim do dia. Passamos no hostel para pegar as mochilas e tomar banho. Passamos na cidade para um último lanche e nos despedir. Pegamos o taxi para a rodoviária, onde teríamos uma viagem de 10 horas de busão até Ica...
Águas termais
As alpacas sem se preocupar com a altitude de quase 5 mil metros...

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