Huaraz: o primeiro contato com a Cordilheira dos Andes

Chegamos em Huaraz pela manhã, depois de uma viagem bem tranquila. Ainda meio sonolentos, nos deparamos com as mudanças: o clima muito mais frio, já que estamos a 3050m de altitude, a pequeneza da cidade e os cumes nevados ao seu redor. O escritório da Cruz del Sur aqui nada mais é que uma lojinha de esquina. Pegamos as mochilas e já fomos abordados pelos vários taxistas. Eu tinha anotado o endereço de dois hostels. Fomos em direção ao primeiro, e achei a rua esquisita. Nem subimos. Fomos ao segundo. Ao ver o quarto, parecia que não era limpo há us 10 anos. O taxista, que tb era dono de agência de turismo, sugeriu um local. Meio ressabiados fomos, e o lugar era bem bacana. Teríamos um quarto triplo, onde o André e o Rafael dividiram a cama de casal, com direito ao banheiro privativo e café da manhã! O lugar é Hotel SG.
Uma das praças do centro de Huaraz, com o Huascarán (encoberto) ao fundo

O taxista/guia perguntou se tínhamos interesse em algum passeio na cidade. Falei que a nossa intenção era fazer Chavín de Huantar, Laguna 69 e Nevado Pastoururi. Escolhemos os passeios nessa ordem justamente para aclimatarmos com a altitude: Chavin era o mais baixo e o Pastoururi, o mais alto. Como o passeio para Chavin era para esse mesmo dia, negociamos os valores, que foram bem interessantes. A van passaria ali em uma hora. Tempo para trocarmos dinheiro e compra algo pra comer. Eu já estava bem melhor do desarranjo, feliz com meu rápido emagrecimento e já tendo fome...rsrs.

Chavín de Huantar

É um sítio arqueológico pré-incaico, declarado patrimônio da Humanidade pela Unesco. Os estudiosos dizem que chavin foi um grande centro religioso para o povo daquela época, havendo migrações todos os anos para cultuarem o seu deus, Lazo. No caminho para Chavín, paramos rapidamente na Laguna Querococha, a uma altitude de 3980m.
Laguna Qerococha
Depois das fotos, continuamos o passeio. Já no sítio arqueológico, visitamos a praça principal, uns sítios de sacrifício e depois, o mais legal, descemos as escadas para dentro da pirâmide principal. Andamos os corredores estreitos e escuros daquele prédio, tão importante no passado. Em uma das câmaras, é mantida uma estátua do deus Lazo. Aos fundos dessa pirâmide, és exposta uma cabeça das representações humanas, como era feito antigamente. As outras esculturas são exibidas no museu, que visitaríamos depois do almoço.
Visitando o sítio arqueológico de Chavin de Huantar

Pórtico de las Falcónidas
Durante o almoço, conseguimos socializar melhor com a galera da van. Conhecemos um francês, que estava viajando sozinho, e fedia horrores. Também conhecemos um casal de espanhóis, já nos seus quarenta e muito anos, e que nos acompanhariam em todos os passeios por ali. Depois da truta do almoço, e da cerveja de toda refeição, fomos conhecer o museu, que já está incluso na entrada que pagamos para o sítio arqueológico. O museu é simples, contando com as esculturas encontradas durante as escavações, Percebe-se que as estátuas deixam de ter aspectos humanos e passam a ser mais animalescas. Resultado de muito chá de cogumelo dos vários rituais religiosos com ervas alucinógenas... 
Rafael descendo para as câmaras inferiores do templo

Pelos corredores do templo

Estátua do Deus Lazo

Umas das imagens de 'pessoas' penduradas na parte de trás do templo

No retorno à cidade, conseguimos dar uma volta e conhecer o centrinho. à noite, o taxista passou no hotel perguntando se teríamos interesse na van para a laguna 69 no dia seguinte. Reservamos o passeio e fomos fazer as compras das provisões para o dia seguinte.

O nosso dia na Laguna 69 será contado numa próxima postagem. Continuarei esse post com o nosso terceiro dia, no Nevado Pastoururi.

Nevado Pastoururi

Depois de mais um café da manhã delicioso (foi o melhor de toda a viagem), fizemos checkout, guardamos as mochilas e a van passou para nos buscar. No caminho para o Parque Nacional Huascaran (sector carpa), fizemos uma parada para ver uma fonte de água gasosa. Diziam que dava sorte beber aquela água. Para não perder a viagem, tomei um golinho só. Ali podemos admirar as puyas, cactos gigantes, cuja altura é proporcional à altura.
A água gaseificada que brota da terra

Um dos muitos nevados que vimos na estrada


Eu e a puya
Seguimos viagem até a trilha que dava ao nevado. Havia umas barracas no início da trilha, mas a maioria estava fechada. O tempo continuava ruim, ameaçando chuva. A trilha possuía apenas 1km, mas a altitude de 5000msnm dificultava a caminhada. Para quem não conseguisse andar, havia a opção de ir à cavalo.
Nevado Pastoururi

Início da trilha até o Pastouruiri
O início da trilha é numa rampa de madeira, bem estilo calçadão. Apenas o finalzinho foi em terreno pedregoso. Os funcionários dali falavam para gente seguir por um caminho específico. Quando chegamos no nevado, mais um choque. Aquela montanha de gelo na nossa cara impressionava! Era possível ver o degelo do nevado e o empoçamento da água em pequenos lagos. A tristeza do Pastoururi é que ele sumirá daqui alguns anos, resultado do aquecimento global. Atualmente, o governo vem tentando retardar esse processo com campanhas educacionais e alguns projetos no local. Brincamos na neve, antes de sermos expulsos por um dos guardas que falaram que estávamos no lugar não permitido. Curtimos a neve que começou a cair, jogando bolinhas um nos outros. Retornamos para a van e dali para a cidade.
Brincando na neve!

Um laguinho formado pelo derretimento do nevado

Fazendo uma graça...rss

Como chegamos ainda cedo, demos mais um rolé pelo centrinho. Voltamos ao hotel para pegar as mochilas e deixar já no escritório da Cruz del Sur. Já era hora do jantar e procuramos algum restaurante ali no entorno. Vou dizer que era meio esquisito, com várias casas de dança e seguranças às suas portas... Acabamos achando um lugar que vendia frango à balde (tipo pollos amigos). Pedimos uma porção de batata frita e cusqueña para acompanhar. Essa foi a cerveja mais barata e mais gelada da viagem. Até pedimos mais uma para bebermos no caminho até o ônibus. Tivemos que matar a cerveja antes de subir no ônibus. Fui dormindo que nem um anjo até chegarmos em Lima...


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